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A figura do coordenador pedagógico

A professora Renata Americano explica a origem da função e o que esperar dela na escola dos dias de hoje

  • Posted byInstituto Singularidades
  • 3 de outubro de 2019
  • in Posted in Destaques / PARA APRENDER
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Quando se pensa no coordenador pedagógico, muita gente pensa que ele é aquele que “apaga os incêndios” entre professores, alunos e família, ou que resolve qualquer outro problema em sala de aula. Ou ainda, nas palavras da professora Renata Americano, “a pessoa dos milagres”.

“O coordenador pedagógico não tem respostas para tudo, e é bom que ele se coloque desta forma, porque se eu sei tudo e tenho de passar a receita, isso não funciona. Eu não acredito nesse modelo”, comenta.

Renata propôs durante a aula inaugural do curso Coordenador Pedagógico: do Bombeiro ao Formador, que grupos de alunos criassem a imagem do coordenador pedagógico que tinham em mente, usando diversos materiais como tecidos, papel, linha, tintas etc.

Um dos primeiros grupos pensou no coordenador como alguém que articula as relações entre alunos, professores e família, fazendo essa comunicação fluir de forma leve e orgânica. Outro propôs uma “aranha metafórica” como uma representação da função, usando tecidos e madeira.

Segundo as estudantes, a aranha tece essa teia e conecta todas as pontas pelas quais ela está responsável, desde o professor, os alunos e as famílias, a equipe, e ela vai tecendo e juntando todas estas camadas formando a teia de forma organizada, deixando mais claro aspectos que estão confusos ou difíceis. O translúcido da teia em tule simboliza esta trama de trabalho detalhado que foi feita e nem sempre é notada.

A professora comentou que achou interessante a abordagem das estudantes, porque sempre os estudantes e professores se apegam muito ao trabalho intelectual, da palavra, e se esquecem que podem lançar mão de outras ferramentas para demonstrar uma ideia ou proposta pedagógica.

A partir desses trabalhos, Renata explicou a diferença de olhar que permeia o trabalho do coordenador, que consiste, em grande parte, em olhar o todo, no detalhe. “O coordenador é este que está com o olhar de fora: ele tem de entender a situação e de saber o que está acontecendo. Esse distanciamento é fundamental por que ele, de alguma maneira, não vêm tão impactado, tem um olhar mais fresco sobre as questões de dentro das aulas”, comenta a professora.

Renata salienta que para o coordenador é imprescindível o que o poeta, educador e escritor Manuel de Barros chamava de “transver”, que seria o ver além. “A emoção move a gente, e é bacana que isto exista, mas nem sempre ela consegue ser uma boa guia numa hora que você precisa tomar decisões. Então, eu acho que a gente precisa aprender a transver o mundo, esta é a grande fala para quem quer ser educador: é o olhar através, não é o literal, de quem está diretamente ligado àquilo, que vai dar o tom da coordenação pedagógica”, explica.

 

O coordenador, do início do Brasil aos dias de hoje

Renata conta que a figura do coordenador é antiga. Os jesuítas chegaram no país para doutrinar os índios, e não ensiná-los. Era necessário ter alguém para fiscalizar, supervisionar a parte educativa, política e administrativa (reitor, diretor, prefeito de estudos) para acompanhar, supervisionar o cumprimento da programação escolar.

“A ideia era essa, de ter um fiscal, de uma maneira mesmo inquisidora, aquela pessoa que fala que aquele professor está se desviando do rumo, que não pode estar em sala de aula’, comenta.

Já no século XVIII surge a figura do inspetor escolar público nas escolas da Europa, com função de fiscalizar, num momento de transição entre a responsabilidade sobre as escolas, que seriam divididas entre Igreja e o Estado.

“A gente tem essa questão da busca de uma escola laica, mas no Brasil essa matriz religiosa é muito forte. Esse inspetor também vem para garantir que seja feito o que foi planejado, ainda com essa ideia de inspecionar, vigiar”, recorda Renata.

A professora ressalta que os 200 anos dos jesuítas na educação deixaram marcas muito fortes – eles foram expulsos pelos portugueses do Brasil, em 1759. Com esse fato, a estrutura de ensino se desmantela, e o Estado leva um tempo (mais ou menos 13 anos) para assumir essa função e reorganizar a escola.

Apenas em 1868 foi criado o cargo de inspetor de distrito, em São Paulo. “Olhem o nome: inspetor, segue sendo aquele que inspeciona”, comenta Renata. Em 1931 acontece a reforma coordenada pelo educador Francisco Campos, que separa a parte administrativa da pedagógica, que em muitas escolas segue muito entrelaçada até hoje.

“Na verdade, não dá para ter uma ruptura tão grande assim. Acho que tem uma questão aí, que a gente tem muito forte no Brasil, nas escolas particulares, que representam uma boa parte do mercado, e mesmo nas escolas públicas. Em ambas há uma divisão do que é empresa, do que é administrativo e o que é pedagógico, e a gente não estuda administração na faculdade de pedagogia.

O coordenador não precisa ser especialista nisso, mas deve saber quando a escola vai precisar de mais verba, de mais gente para um projeto ou para a organização de um evento”, ensina Renata.

Em 1939 acontece a criação do curso de pedagogia e surge o debate entre o especialista e generalista, o técnico em educação e o professor. Em 1941 surge o Estatuto dos Funcionários Públicos, que estabelece os cargos de diretor e inspetor escolar.

Renata conta que, nesta época, antes da ditatura, as escolas públicas eram um  orgulho, consideradas modelo de formação e eram, ainda, para poucos (naquela época o índice de analfabetos no país ainda era grande).

Mas quando surge o regime ditatorial, ela vem com um controle grande sobre a escola pública. Neste período, continua o papel do supervisor como fiscalizador escolar, um fiscal do Ministério de Educação e Cultura (MEC) que reproduzia seus planos, e houve uma desvalorização da função.

Nesta época cria-se uma hierarquia muito grande nas escolas, e um fortalecimento dos códigos e normas regulamentadoras e produtoras das relações pedagógicas entre técnicos, diretores, professores, alunos e famílias. Esse processo foi naturalizado e incorporado ao dia a dia das escolas, usando uma lógica administrativa muito rígida.

Renata comenta que muitos modelos e práticas são usados até hoje, reproduzidos de uma forma pouco questionadora, e convida as alunas a olharem de fora e questionarem algumas de suas atividades.”Por exemplo, reuniões pedagógicas: quantas reuniões não são gastas quando as questões poderiam ser resolvidas por um e-mail. Esse espaço da reunião pedagógica é muito preciso para a reflexão”, valoriza.

Essas relações vão criando alguns vícios e estigmas sobre as atribuições do coordenador, mas a coisa não se sustenta dessa forma. Com o movimento das Diretas Já, entre 1983 e 1984 e cinco anos depois, com a primeira eleição para presidente depois de mais de 20 anos, há uma abertura de pensamento, porque havia muitas coisas que durante a ditadura não podiam ser ditas.

“Acontece um movimento de educação para todos, da busca de uma educação democrática, somos envolvidas pelos espanhóis e seu construtivismo, trazendo ideias de Antoni Zaballa e Sebastian Coll, que pensavam numa forma mais livre de escola”, relembra.

Em 1985 há a criação do cargo do coordenador, que é quando começa a ganhar força esse cargo, que durante muito tempo não existiu. Em escolas onde essa figura não era presente, os professores tinham mais autonomia mais cobrir essa lacuna e, posteriormente, muitos foram resistentes à presença de um profissional deste tipo na escola, por já estarem acostumados a trabalhar de determinada maneira.

Para concluir, Renata comenta que o coordenador de hoje e do futuro deve ter três eixos de atuação. “Como articulador, como formador e como transformador. Isso é essencial, porque a partir do momento que ele forma os professores, também vai ter menos problemas para resolver, e a ideia do transformador surge com força, trazendo inovação e novas propostas para a sala de aula.”

 

Renata Americano é mestranda em Educação, Arte, História e Cultura pela Universidade Mackenzie. Pós-graduada em Gestão e Currículo da Educação Infantil e Séries Iniciais do Ensino Fundamental pelo Instituto Superior de Educação de São Paulo – Instituto Singularidades. Pedagoga formada em Supervisão Escolar pela PUC-SP. É professora do curso de pós-graduação sobre a abordagem Reggio Emilia e do curso de extensão para Coordenação Pedagógica do Instituto Singularidades.

 

Para saber mais: https://loja.isesp.edu.br/cursos/todososcursos/o-coordenador-pedagogico-do-bombeiro-ao-formador/
Entre em contato: 
singularidades@singularidades.com.br

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